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domingo, 31 de julho de 2011

INTERFACE DA EDUCAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA


    Introdução


        Quantas vezes nós politizados ou mais facilmente politizados, falamos que a      educação privada é de melhor qualidade que a oferecida pùblicamente (obrigatória e gratuita pelo menos até o ensino médio) . E quantas outras vezes ouvimos alguém da mesma forma referir-se e nos calamos (entramos no “senso comum”), E tantas outras mais, mesmo que servidores públicos da educação, matriculamos os/as nossos/as filhos/as na escola particular (privada), ou os/as transferimos da escola pública para a privada. È verdade esta afirmação?
        È justamente este o objetivo, confrontar esta afirmação com a sua negação partindo da relação (interface) da educação público-privada .


      Organização da Educação no Brasil, a partir dos anos 60 do século XX

          História

                 a) Do primário e ginásio – atual ensino fundamental -

        Preferi falar da organização da educação no Brasil, tomando-se Cachoeiro como exemplo e a partir do momento em que tive acesso a ela, 1965. Naquela época o que hoje denominamos de Ensino (educação) fundamental dividia-se em dois períodos : o primário, compreendido de 1º (primeiro) ao 5º (quinto) ano ou série. E complementando o ciclo, surgia o ginásio, de 1ª (primeira) à 4ª (quarta) série. Não me recordo de escolas particulares em Cachoeiro para o primeiro ciclo - de 1ª/º (primeira/o série ou ano) à/ao (5ª/º série ou ano). Para o Ginásio lembro-me da existência das privadas (particulares): o colégio –era este o termo usado para referir-se ás escolas em quaisquer ciclos, inclusive o hoje denominado médio, que há época se constituíam de científico ou normal, formado de 1º (primeiro) ao 3º(terceiro) ano - “ Ateneu Cachoeirense” mantido pela igreja Presbiteriana; a “Jesus Cristo Rei” , que só estudavam meninas, e o “Colégio dos Padres”, estas duas “mantidas” pela igreja Católica..
        È digno de registro o fato de que o acesso do 1º(primeiro) ciclo para o 2º(segundo)- do primário para o ginásio- em virtude de haver um grande número de colégios primários públicos e pouquíssimos de ginásio, os/as alunos/as eram obrigados a prestar um exame de seleção, denominado prova de admissão –similar ao vestibular que hoje possuímos- objetivando o ingresso na escola pública para continuidade de sua educação. Os/As não aprovados na admissão caso pretendessem continuar os estudos e possuíssem recursos financeiros eram matriculados por seus/suas responsáveis em uma escola privada
       Este formato (organização) educacional, salvo engano, perdurou até 1971/1972
      A partir de 1972/1973 alterou-se a constituição de primário e ginásio que ao invés dos antigos nove anos, passaram a ter a duração de 8 anos. Nesta época surgem os polivalentes com a novidade de ser semi-profissionalizante de técnicas agrícolas, comerciais etc...
      È bom que se diga que esta novidade trazida pelos polivalentes, incluídos a partir da 5ª (quinta) série, para aqueles/as pessoas que como eu houveram feito o primário- 1ª/º (primeira/o) a (5ª/º quinta/o)  no colégio “Quintiliano de Azevedo”, localizado no Bairro Santo Antônio, não pode ser visto como novidade pois a referida entre os anos de 1966 a 1969 participei do Pavilhão de oficinas e artes industriais , cujo objetivo era o desenvolver em nós crianças trabalhos manuais de tricô, madeira, piaçava, argila.
     Nos dias atuais este primário e ginásio, agora ensino fundamental continua a ter dois ciclos, porém voltou como nos anos 60 a serem nove anos , com a diferença que àquela época as crianças iniciavam o 1º ano com 7 sete anos ou desde que completaria naquele ano, e agora o ensino fundamental tem início com 6(seis) anos

              a.1- do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI-

        No final dos anos 70, surge em nível escolar de 1º grau, esta era a nomenclatura que referiam-se à educação que hoje conhecemos como ensino fundamental, em seu 2º ciclo a escola profissionalizante para a indústria, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial mantida aparentemente gratuita pelas indústrias. È bom que se esclareça quando refiro-me que aparentava ser mantida  de forma  gratuita pela Indústria, pois cada empresa recolhia um percentual sobre a sua folha de pagamentos , recolhido para a Previdência social, supostamente para manutenção desta entidade.
         Aqui, em meu entendimento, tem início a interface público-privada, pois deveriam os adolescentes entre 14/16 anos serem profissionalizados para atender a iniciativa privada o que até então só acontecia em cursos técnicos médio, ou seja quando os jovens possuíam acima de 16 anos.

  
  
            b) do Científico , do Normal, e  do técnico contábil
  
        O atual ensino médio, àquela época, 1965 a 1975, composto de três anos era composto dos cursos científico, preparatório para os mais variados vestibulares que levariam aos cursos de engenharia, medicina e até medicina era oferecido em Cacaueiro pela escola Pública , Colégio Estadual “ Muniz Freire” o “LICEU”; o “normal” que oferecia á graduação a professores/as, cujas turmas eram compostas (freqüentadas) em mais de 95% (noventa e cinco por cento) por jovens meninas ou até mesmo senhoras oferecida pùblicamente pelo “Liceu” e particularmente pelo “Ateneu Cachoeirense” e pelo “Cristo Rei”, o curso técnico em contabilidade oferecido pùblicamente pela Escola “Aristeu Portugal Neves” e particularmente pela Escola de Comércio , voltada para a formação técnica para trabalhos comerciários.
        Neste período ainda criou-se a escola pública de formato híbrido (científico-técnica em laboratório).


        c) do ensino superior  

         Em nível superior os cursos  para os moradores de Cachoeiro de Itapemirim eram oferecidos de forma particular: Direito cujo mantenedora era uma autarquia municipal, administração e ciências contábeis, cujo percentuais masculino superava a 90 % (noventa por cento). Para as meninas e ou Senhoras criou-se a Faculdade de Filosofia “Madre Gertrudes de São José” ligada à igreja católica no mesmo espaço de funcionamento do Colégio “Jesus Cristo Rei “


      Uma escola de educação infantil público-privada.

           Escola de educação infantil nos idos de 1960 tanto pública assim como privada não me lembro da existência, exceto uma pública o “Jardim de Infância de Cachoeiro de Itapemirim, localizada na Rua Rui Barbosa, Cetro, no mesmo local onde hoje se localiza o “CIAC”, escola particular de atendimento à educação fundamental.
          Não se sabe como, ou melhor o proprietário da escola é o ex-Prefeito de Cachoeiro, ex-deputado estadual , José Tasso de Andade e filho de ex-Prefeito , Raimundo de Andrade.
           O que se tem conhecimento- jamais vi estes documentos- é que segundo terceiros a referida escola permanece até os dias atuais recebendo os livros e outros materiais disponibilizados pelo Ministério da Educação e “cultura”-MEC -, portanto pelo visto, ao mesmo tempo em que a escola cobra religiosamente as mensalidades de seus/suas alunos/as. Ainda ,segundo informações, tramita na vara federal ação apropriada  de destituição de posse da família Andrade sob a escola.
           Privada, e ou pública, mas a partir de sua cobrança e  sua localização  no centro da cidade a escola – buscarei números mais exatos possíveis- a olhos nus posso confirmar que o número de negros/as é mínimo, assim como aparentemente a defasagem e evasão, temática de nosso grupo, é mínima, exceto talvez pela falta transitória de recursos dos responsáveis que os/as matricula em escolas públicas.
            Quando nos propusemos a obter os números da evasão/defasagem de alunos/as de escola privada já havíamos decidido por esta escola pelo antagonismo que ela se nos apresenta à escola Municipal “Julieta Deps Tallon”, escolhida pelo nosso grupo para desenvolvimento de nosso trabalho.


   

  INTERFACE PÚBLICO-PRIVADA NA EDUCAÇÃO

              Retornando a nossa proposta, de dissertar acerca da relação (interface) Público-privada na educação, precisamos observar o surgimento a partir dos anos 90 do século findo quando a ideologia do Capitalismo (neoliberalismo) passou a atuar de forma mais incisiva sobre a educação “nicho” para desenvolver os seus propósitos – auferir ganhos-Obviamente que tudo isto foi facilitado pela inoperância de nossos governantes em especial do poder executivo, que no fundo também comungavam com esta mesma ideologia – ver como exemplo o que mencionamos acima, no item “uma escola de educação infantil público-privada”-, somando-se a nossa desmobilização individual e coletiva, exigindo melhoria de qualidade na educação pública. Crescem de forma avassaladora em Cachoeiro o número de escolas privadas , desde a educação infantil, passando pela fundamental e média e atingindo atualmente a educação superior.
               Com a escola fundamental e média pública sem oferecer condições de ensino adequados para o adolescente e jovem com menor poder aquisitivo,onde por sinal estudam acima de 90% (noventa por cento) dos/as negros/as, aspirarem cursos superiores em universidades públicas, que sabe-se tem curso superior de melhor qualidade, àqueles/as que durante todo o período escolar antecedentes à universidade reuniam(unem) maiores condições financeiras ,o acesso a esta.
                Situação semelhante vem ocorrendo com os institutos Federais de educação, como o nosso IFES, (também público(s) que em seus oferecimentos de cursos técnicos e ou tecnológicos têm sido aprovados em sua grande maioria – precisaremos comprovar- alunos/as oriundos de escolas privadas (particulares), por conseguinte os/as negros/as excluídos/as.
               Há de se refletir ainda que estes adolescentes e, ou jovens, mesmo os poucos oriundos da escola pública que ingressam em cursos técnicos o fazem conduzidos pela cultura –ideologia política- do capital   


            Conclusão

                 Como se vê, deixar-se conduzir (comungar com o “senso comum”) de que a escola pública é de inferior qualidade às privadas, é no mínimo, fazer leitura pela metade. Pior ainda é desviar o foco da luta dos movimentos negros, movimentos de direitos humanos e outros movimentos sociais que buscam a “equidade” com ações afirmativas. È Por fim adequar-se ao que pretende o ideário do capitalismo, tudo em função do mercado, a cultura do individualismo e do consumismo sem a sustentabilidade necessária.
                   A luta pelas cotas raciais no ensino superior, e/ou técnico público, é acima de tudo oferecer oportunidades àqueles/as que historicamente foram (são) discriminados, e é o mínimo que os politizados ou mais politicamente politizados e com senso de justiça podemos fazer.    
                    Público e privado muitas vezes são misturados, infelizmente sempre em benefício dos que não defendem o público, muito contrário buscam subtrair dele em favor do privado ( para si ou  para os que compõem o seu grupo).  



Casos do Cotidiano
                
                     Como já disse em outras ocasiões o fato de ser do movimento negro e defendermos a luta contra o racismo/ pela promoção da igualdade racial, estou às vezes diante de estudantes de escolas públicas – nunca estive em escola particular para falar acerca do tema-, quando a turma que falo é do 8º (oitavo) ou 9º (nono) ano do ensino fundamental ou do ensino médio, após expressar e abrir para debate, percebo que a temática que mais os chama a atenção é a possibilidade de ingressarem no mercado de trabalho, e eu busco fazê-los entender que com as “cotas” visa assegurar-lhes  cursar um ensino superior antes inatingível que lhes permitirá realizar alguns desejos. Por fim busco apresentar-lhes a importância da educação enquanto formadora do cidadão.    
                  
  

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